segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

PROJETO CARNAVAL


CIEP 381 PRIMO JOSÉ SOBREIRA \ 2009
ENSINO FUNDAMENTAL DE JOVENS E ADULTOS \ NOITE
PROJETO: CARNAVAL


DIREÇÃO: PROF. FILOMENA GRILLO
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: PROF. ISABEL MENEZES

EQUIPE DE PROFESSORES:

Adélia
Adriana Tuzzi
Benigno
Bernadete
Bruna
Fátima Pimentel
Márcia
Maria Olinda

OBS: Partes deste Projeto foram copiadas de fontes diversas.


APRESENTAÇÃO

Considerando-se o carnaval como fenômeno da cultura brasileira e levando em conta sua importância como símbolo da identidade nacional,mesmo com todos os seus abusos, este projeto busca desenvolver metodologias de trabalho que visam uma análise interdisciplinar do carnaval, promovendo novas possibilidades de conhecimentos a educadores e educandos de forma inovadora e educativa.

INTRODUÇÃO

O projeto tem como foco trabalhar a interdisciplinaridade do carnaval numa perspectiva de reconstrução do conhecimento, aliado aos recursos tecnológicos, como ferramenta fundamental para a socialização do conhecimento, disseminando informações e culturas, e sobretudo não apenas transmitir mas reconstruir o conhecimento.
A melhor maneira de fazer com que isso aconteça é através da interdisciplinaridade.
Trabalhar o carnaval de forma interdisciplinar envolve a contextualização do conhecimento, evocando fatos da vida pessoal, social e cultural, principalmente o trabalho e a cidadania.
Este projeto tem o intuito de ir além da simples justaposição de disciplinas, contando com a participação de educadores e educandos para que ambos possam interagir em busca de objetivos comuns.

OBJETIVO GERAL

Desenvolver o tema carnaval de forma interdisciplinar e inovadora, aliado aos recursos tecnológicos, envolvendo educadores e educandos, proporcionando uma nova visão do carnaval sob prismas distintos.
Proporcionar aos educandos oportunidades de constituírem relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos que já possuem, conseguindo aprendizagens que possibilitem a interferência em uma nova realidade, desencadeando novas ações.


METODOLOGIA

O projeto desenvolverá sugestões de metodologias de aulas para atender as seguintes disciplinas:
Língua Portuguesa;
Matemática;
História;
Geografia;
Ciências;
Artes;
Ed. Física.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES RELACIONADAS AO CARNAVAL

HISTÓRIA

Explore com os alunos os enredos de algumas escolas de samba. Geralmente, eles contam uma história. Ajude os alunos a estabelecer relações com o que é dito na música e a realidade, avaliando se a escola realmente conseguiu contar a história proposta, se foi fiel aos fatos ou se mudou a veracidade do acontecido, misturando fatos de várias épocas históricas, etc

1- Letra do samba-enredo da Grande RioCarnaval 2009

Voila Caxias! Para sempre Liberté, Egalité, Fraternité, Merci Beaucoup Brésil! Não Tem de Quê!
O rei sol bordado em ouro e a corte…A brilharchampagne, um baile pra comemorarmistérios da terra brasilis vão se revelarnavegando não imaginava encontrarver tanta beleza seduzindo o meu olharum grito tupinambá tocou meu coraçãoe foi saindo “a francesa” villegagnonassim nascia são sebastião
a força de um povo que revoltado… Se uniucruzou fronteiras “movimentando” meu brasilvem o anseio de alcançar liberdademeu lema é egalité, fraternidade.
Eu vi nascerum novo dia florescersonhei com as cores de debretemoldurando o amanhecerme encantava!Quando eu sentia seu perfume pelo ara ouvidor era paris a desfilaro grande cabaré, na cidade luzsonho ou ilusão que me conduzde um “passo”, fiz um traço no compasso da paixãoé o vôo da evoluçãoflores pra nação que sempre estendeu a mãoé festa, carnaval é união.
Minha alma é tricolor!!O meu orgulho é minha bandeira. Oui. Voilá!!A grande rio balançale mon amour é a françavem brindar!!!

2-Trabalhe a letra do samba
Vai Passar, de Chico Buarque e Francis Hime. Essa música traz ricas informações históricas, sugeridas sob a forma de metáforas:

Vai passar nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear

Ai que vida boa, o lelê
Ai que vida boa, o lalá
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, o lelê
Ai que vida boa, o lalá

Apresente a música aos alunos e peça que eles escrevam ao lado das estrofes a que fato ou período Chico se refere. (Que tempo foi uma página infeliz da nossa história? Quais seriam as tenebrosas transações?) Essa atividade será riquíssima para relembrar o que foi estudado em História nos anos anteriores, além de ser uma oportunidade de se travar contato com uma música de qualidade, bem escrita e com conteúdo.

3- Letra do samba-enredo da Beija-flor - Carnaval 2009
Águas do tempo
Fonte da vida purificaçãoNo azul da fantasia mergulheiNas ondas da emoçãoLá no Egito começou o hábito de se banharUm ritual de prazer que conquistou a realezaNo Oriente imperou e os males da mente expulsouNas ervas o aroma renovou, nas termas a luxúria e o vaporChega a Idade das Trevas, o corpo se fecha, o sonho acabouE o que dava prazer, virou pecado, o banho foi excomungado
As águas rolaramAs mentes lavaram, clareou!O índio ensinou, o banho voltouE o mundo se purificou
Renasce a esperança, toda corte é perfumadaA sujeira é disfarçada até que um francês
descobriuCorpo limpo, corpo são, o banho evoluiuBanho de chuva, banho de cheiro oi…Banho de felicidade, banho de gato amorRelaxa e dá calor de verdade, banho de lua ou de solNa cachoeira ou no mar, Odoyá, YemanjáOxum! A deusa do encanto, estende o seu mantoAos orixás a nossa fé, quem banha o corpo, lava a almaE toma um banho de axé!
No chuveiro da alegriaSalve! As águas de Oxalá, embala eu babáFeito um rio de magia que deságua luxo e corBanhando o povo vem a Beija-Flor


* Trabalhar com os alunos o que esta letra tem de realidade, de verdade, principalmente no que diz respeito à Idade Média, como Idade das Trevas. Mostre que na Idade Média ocorreram erros como em todos os tempos, mas também foi o período de criação das grandes escolas e universidades atuais com Salamanca, Oxford, etc. e também berço de uma grande produção cultural. Esta expressão idade das Trevas não é mais utilizada pelos historiadores.

MATEMÁTICA: Estatística, porcentagem de índice de violência, bebida alcoólica e uso de droga. Pesquisar em jornais.

ALGUNS TEXTOS:
TEXTO 1- Carnaval, violência e estatísticas
Roberto Moraes PessanhaProfessor do Cefet Campose-mail:
moraes.rol@terra.com.br
O simples fato de tentar mostrar relação entre as três já pode ser coisa de Momo, mas vamos em frente. No Rio, o Cordão do Bola Preta foi despejado de sua sede e, ainda assim, saiu na semana passada e voltará a sair amanhã. Reclamou a ajuda do poder público para quitar dívida que evitaria a liquidação de sua sede, mas mesmo sem, não deixou seus adeptos na mão.
Pois bem, em Campos foi o inverso. Faltando apenas quatro dias para o Momo, a prefeitura repassou o dinheiro às entidades carnavalescas. Questiono as entidades que dependem exclusivamente destes recursos para se manterem. Porém, o caso aqui é mais que isso.
A prefeitura informou na terça-feira, em seu próprio site, que uma das agremiações, a escola de samba "Os Independentes" apesar de ter recebido a verba de R$ 53.946,00 teria optado - pelo visto com a concordância do poder público - por não desfilar e assim utilizar o valor recebido na compra de uma sede própria.
Algo deve estar errado, ou então, o carnaval já começou e eu não sabia. A ajuda é para o desfile, porque se imagina que só pudesse receber ajuda as entidades já instituídas, mas não e... “me dá um dinheiro aí! Não vai dar? Não vai dar não? Você vai ver a grande confusão...”
Eu avisei que havia ligação entre carnaval, violência e estatística. Pois bem, estatística há para todo gosto e interesse. Tem gente que se apropria do PIB (Produto Ilusório Bruto) considerando que toda a riqueza do petróleo circula por aqui e não apenas a dos royalties.
A mais nova estatística na área surge igual a dos torcedores que levam faixas escritas para serem filmadas pelas TVs nas arquibancadas: “Eu já sabia”. Divulgada na quarta, o “Mapa da violência nos municípios” mostrou que Campos entre as mais de cinco mil cidades brasileiras como o terceiro maior índice (proporcional à sua população) em óbitos no trânsito.
Especialistas dizem que são grandes as chances de Campos subir, neste negativo ranking, com os números de 2007. Samba do crioulo doido nas estatísticas e no carnaval não é novidade para ninguém, a não ser para aqueles que duvidaram da falta de elo entre os temas do título.
Só que as coisas vão além, pois carnaval e violência estão também no mau uso dos recursos públicos que nenhuma estatística consegue dar conta. Enfim, Paz e bom carnaval a todos e... me dá, me dá, me dá um dinheiro aí!


TEXTO 2-
Campanha incentiva população a denunciar casos de violência sexual no carnaval
Escrito por Daniela Alves em Janeiro 16, 2008
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República lança, no próximo dia 26, em Fortaleza, a Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual no Carnaval 2008. Com o slogan Sexo só se for legal, a campanha, promovida pela primeira vez em 2006, tem como parceiros o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescente e a prefeitura de Fortaleza. A campanha vai até 6 de fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas.
Segundo a coordenadora do Disque 100 da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Leila Paiva, desde que a campanha começou a ser realizada, o número de denúncias aumentou significativamente. A iniciativa tem o objetivo de alertar e conscientizar a população sobre os perigos da violência sexual e das doenças sexualmente transmissíveis durante o carnaval.
Ela disse que os casos mais comuns são de turismo sexual, pornografia, prostituição e tráfico para fins de exploração sexual. “Queremos é chamar a população para que, mesmo nesse período [carnaval] em que tudo parece ser possível, fique alerta para os casos de violência sexual cometidos contra crianças e adolescentes.” O alerta é válido tanto para casos de abuso sexual infra-familiar ou extra-familiar, quanto para casos de violência sexual configurados como exploração sexual, que são os de turismo sexual, pornografia, prostituição e tráfico para fins de exploração sexual, ressaltou.
Leila Paiva lembrou que a campanha do ano passado resultou em aumento no número de denúncias na capital cearense, mas esclareceu que isso não significa aumento da violência. O que aumentou foi o volume de denúncias efetuadas pela população. Por isso a cidade foi escolhida para iniciar a campanha, explicou.
A campanha será lançada em mais seis capitais - Rio de Janeiro; São Paulo; Salvador; Manaus; Porto Alegre e Recife - e na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. No restante do país, a campanha será divulgada em parceria com os governos estaduais e municipais.
O Disque Denúncia Nacional recebe, em média, 2.578 ligações diários - no ano passado, foram feitos 940.919 atendimentos. De maio de 2003 a dezembro de 2007, foram recebidos e encaminhadas 52.151 denúncias de todo o país. Em 2003, a média foi de 12 denúncias diárias e, em 2007, de 68 por dia.
Conforme dados da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, das denúncias recebidas em 2007 durante o carnaval, 23% foram relativas a exploração sexual; 26% a abuso sexual e 51% a outras formas de violência. Das vítimas de exploração sexual registradas nas denúncias, 17% tinham entre 10 e 11 anos de idade; 49% entre 12 e 14 anos e 34% entre 15 e 17 anos.
A ligação para quem quiser denunciar ou tirar dúvidas sobre qualquer tipo de violência ou exploração sexual é gratuita e pode ser feita para o número 100 de qualquer cidade do país, de segunda a domingo, das 8 às 22 horas, inclusive nos feriados. O Disque 100, que não revela a identidade dos autores das denúncias, também recebe informações sobre o paradeiro de crianças e adolescente desaparecidos.
Fonte: Agência Brasil


TEXTO 3- Estatísticas mostram que 56,1% não confiam no trabalho da PM no Rio

Mais de metade _56,1%_ da população da região metropolitana do Rio de Janeiro não confia no trabalho da Polícia Militar. Outros 36% confiam apenas em parte. Já 6,9% disseram confiar plenamente no trabalho. Seqüestro de turistas no Rio Para o secretário de Segurança Pública do RJ, José Mariano Beltrame, o seqüestro de três chineses e de um conselheiro da embaixada do Vietnã, no último sábado, ainda "é um enigma". "É muito estranho. O caso está exigindo muito da nossa polícia. É uma investigação que nós vamos ter que aprofundar muito, porque existe uma séria de hipóteses e nenhuma pode ser descartada", disse.
Os dados fazem parte de pesquisa divulgada hoje pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro. O levantamento inédito traça o perfil da população que sofre com a violência cotidiana na região metropolitana do Estado.
O relatório coloca em cheque também a confiança da população na capacidade da Polícia Civil. Segundo o levantamento, 42,9% dos entrevistados disseram não confiar no trabalho da Civil. Já 36% confiam em parte, enquanto outros 6,9% acreditam totalmente no trabalho.
Outro dado divulgado diz respeito ao maior medo da população que mora na região metropolitana do Rio de Janeiro: a bala perdida. Ser alvejado é o maior receio dos que saem diariamente às ruas: 57% dos entrevistados. Ser um transeunte em meio a um tiroteio é o temor de 43% da população.
A Pesquisa de Vitimização foi realizada por trinta pesquisadores durante dois anos e meio. A equipe percorreu mais de 75 mil domicílios da região metropolitana do Rio entrevistando as pessoas para contabilizar e traçar um perfil das vítimas da violência urbana.

CIÊNCIAS: DST’s – Efeito de bebidas e drogas. A apelação dos meios de comunicação ao nudismo, incentivando o sexo livre e consequentemente a propagação de doenças. ( Trazer recortes de jornais, para fazerem cartazes ou interpretarem os textos)

ARTE, GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO FÍSICA.
Como é festejado o carnaval em Recife, Olinda, Manaus? Que outros Carnavais existem no mundo? Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um carnaval específico: Veneza, Recife, Olinda, Rio de Janeiro, etc. Os grupos podem apresentar sua pesquisa para os colegas utilizando músicas, danças, adereços e fantasias de acordo com o carnaval do local pesquisado. Uso de mapas para a localização de estados e países. As apresentações podem ser no dia da comemoração do carnaval em nossa escola.

LÍNGUA PORTUGUESA

Incentive os alunos a pesquisar a história do carnaval e estabelecer um paralelo entre as antigas brincadeiras de rua e a comemoração atual. Também podem ser interpretados temas das escolas de samba de 2009.

TEXTO 1-

CARNAVAL – HISTÓRIA E ATUALIDADE
Festa popular, o carnaval ocorre em regiões católicas, mas sua origem é obscura. No Brasil, o primeiro carnaval surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal. Hoje é uma das manifestações mais populares do país e festejado em todo o território nacional.
Conceito e origem. O carnaval é um conjunto de festividades populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da Quaresma, principalmente do domingo da Qüinquagésima à chamada terça-feira gorda. Embora centrado no disfarce, na música, na dança e em gestos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou.
O termo carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavra dos séculos XI e XII, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.
A própria origem do carnaval é obscura. É possível que suas raízes se encontrem num festival religioso primitivo, pagão, que homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza, mas há quem diga que suas primeiras manifestações ocorreram na Roma dos césares, ligadas às famosas saturnálias, de caráter orgíaco. Contudo, o rei Momo é uma das formas de Dionísio — o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo, e isto faz recuar a origem do carnaval para a Grécia arcaica, para os festejos que honravam a colheita. Sempre uma forma de comemorar, com muita alegria e desenvoltura, os atos de alimentar-se e beber, elementos indispensáveis à vida.
Período de duração. Os dias exatos do início e fim da estação carnavalesca variam de acordo com as tradições nacionais e locais, e têm-se alterado no tempo. Assim, em Munique e na Baviera (Alemanha), ela começa na festa da Epifania, 6 de janeiro (dia dos Reis Magos), enquanto em Colônia e na Renânia, também na Alemanha, o carnaval começa às 11h11min do dia 11 de novembro (undécimo mês do ano). Na França, a celebração se restringe à terça-feira gorda e à mi-carême, quinta-feira da terceira semana da Quaresma. Nos Estados Unidos, festeja-se o carnaval principalmente de 6 de janeiro à terça-feira gorda (mardi-gras em francês, idioma dos primeiros colonizadores de Nova Orleans, na Louisiana), enquanto na Espanha a quarta-feira de cinzas se inclui no período momesco, como lembrança de uma fase em que esse dia não fazia parte da Quaresma. No Brasil, até a década de 1940, sobretudo no Rio de Janeiro, as festas pré-carnavalescas se iniciavam em outubro, na comemoração de N. Sra. da Penha, crescia durante a passagem de ano e atingia o auge nos quatro dias anteriores às Cinzas — sábado, domingo, segunda e terça-feira gorda. Hoje em dia, tanto em Recife (Pernambuco), quanto em Salvador (Bahia), o carnaval inclui a quarta-feira de cinzas e dias subseqüentes, chegando, por vezes, a incluir o sábado de Aleluia.
Carnaval no Brasil.
Nem um décimo do povo participa hoje ativamente do carnaval— ao contrário do que ocorria em sua época de ouro, do fim do século XIX até a década de 1950. Entretanto, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros como por boa parte dos brasileiros, principalmente o público jovem que não alcançou a glória do carnaval verdadeiramente popular. Como declarou Luís da Câmara Cascudo, etnólogo, musicólogo e folclorista, "o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver. O carnaval, digamos, de 1922 era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto".
Entrudo.
O entrudo, importado dos Açores, foi o precursor das festas de carnaval, trazido pelo colonizador português. Grosseiro, violento, imundo, constituiu a forma mais generalizada de brincar no período colonial e monárquico, mas também a mais popular. Consistia em lançar, sobre os outros foliões, baldes de água, esguichos de bisnagas e limões-de-cheiro (feitos ambos de cera), pó de cal (uma brutalidade, que poderia cegar as pessoas atingidas), vinagre, groselha ou vinho e até outros líquidos que estragavam roupas e sujavam ou tornavam mal-cheirosas as vítimas. Esta estupidez, porém, era tolerada pelo imperador Pedro II e foi praticada com entusiasmo, na Quinta da Boa Vista e em seus jardins, pela chamada nobreza... E foi livre até o aparecimento do lança-perfume, já no século XX, assim como do confete e da serpentina, trazidos da Europa.
O Zé-Pereira.
Em todo o Brasil, mas sobretudo no Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar homenagem galhofeira a notórios tipos populares de cada cidade ou vila do país durante os festejos de Momo. O mais famoso tipo carioca foi um sapateiro português, chamado José Nogueira de Azevedo Paredes. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foi ele o introdutor, em 1846, do hábito de animar a folia ao som de zabumbas e tambores, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. O zé-pereira cresceu de fama no fim do século XIX, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a comédia carnavalesca O Zé-Pereira, na qual propagava os versos que o zabumba cantava anualmente: E viva o Zé-Pereira/Pois que a ninguém faz mal./Viva a pagodeira/dos dias de Carnaval! A peça não passava de uma paródia de Les Pompiers de Nanterre, encenada em 1896. No início do século XX, por volta da segunda década, a percussão do zé-pereira cedeu a vez a outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o triângulo e as "frigideiras".
As fantasias.
O uso de fantasias e máscaras teve, em todo o Brasil, mais de setenta anos de sucesso — de 1870 até início do decênio de 1950. Começou a declinar depois de 1930, quando encareceram os materiais para confeccionar as fantasias — fazendas e ornamentos –, sapatilhas, botinas, quepes, boinas, bonés etc. As roupas de disfarce, ou as fantasias que embelezaram rapazes e moças, foram aos poucos sendo reduzidas ao mais sumário possível, em nome da liberdade de movimentos e da fuga à insolação do período mais quente do ano.
E foram desaparecendo os disfarces mais famosos do tempo do império e início da república, como a caveira, o velho, o burro (com orelhões e tudo), o doutor, o morcego, diabinho e diabão, o pai João, a morte, o príncipe, o mandarim, o rajá, o marajá. E também fantasias clássicas da commedia dell’arte italiana, como dominó, pierrô, arlequim e colombina — de largo emprego entre foliões e que já não tinham razão de ser, depois que a polícia proibiu o uso de máscaras nos salões e nas ruas... Aliás, desde 1685 as máscaras ora eram proibidas, ora liberadas. E a proibição era séria, bastando dizer que as penas, já no século XVII, eram rigorosíssimas: um proclama do governador Duarte Teixeira Chaves mandava que negros e mulatos mascarados fossem chicoteados em praça pública, e brancos mascarados fossem degredados para a Colônia do Sacramento... No entanto, a denominação "escola" só vai surgir em 1928, com a criação da Deixa Falar, no bairro do Estácio. Ismael Silva (1905-1978), seu fundador, explicava o termo como decorrência da proximidade da Escola Normal, no mesmo bairro, o que fazia os sambistas locais serem tratados de "professor" ou "mestre". Posteriormente surgem diversas outras escolas, entre as quais Portela, Mangueira e Unidos da Tijuca. No começo, pouco se distinguiam dos blocos e cordões, com ausência de sentido coreográfico e sem qualquer caráter competitivo. Com o tempo, transformam-se em associações recreativas, abertas, cuja finalidade maior é competir nos desfiles carnavalescos, transformados em atração máxima do turismo carioca. De tal forma agigantam-se, que seus encargos — a partir da década de 1960 — equivalem aos de uma empresa, o que as obriga a funcionar por todo o ano, promovendo rodas de samba e "ensaios" com entrada paga, maneira de amenizarem os gastos decorrentes da preparação dos desfiles.
Com a oficialização dos desfiles, a partir de 1935, as escolas passam a receber subsídios da prefeitura, transformando-se, a partir de 1952, em sociedades civis, com regulamento e sede, elegendo periodicamente suas diretorias, inclusive um diretor de bateria, que comanda os instrumentos de percussão, e um diretor de harmonia, responsável pelo entrosamento de canto e orquestra. A escola desfila precedida de um abre-alas (faixa que pede passagem e anuncia o enredo) e da comissão de frente (dez a quinze sambistas, representando simbolicamente a diretoria da escola). A seguir, pastoras (antigas dançarinas dos ranchos), fazendo evoluções; mestre-sala e porta-bandeira; destaques; academia (coro masculino e bateria). O restante divide-se em alas, geralmente com coreografias especiais, e carros alegóricos. Apresentam sempre um tema nacional — lenda ou fato histórico — expresso no samba-enredo, base de todo o desfile.
Até 1932, quando foi organizado o primeiro desfile, as escolas limitavam-se a percorrer livremente as ruas, acompanhadas por populares. Naquele ano, o jornal Mundo Esportivo organizou um desfile na praça Onze, de que participaram dezenove escolas, saindo vitoriosa a Estação Primeira de Mangueira. No ano seguinte o número de concorrentes subiu para 29 e o desfile foi promovido pelo jornal O Globo, saindo vitoriosa novamente a Mangueira. Em 1934, ano em que foi fundada a União Geral das Escolas de Samba, a competição foi realizada no dia 20 de janeiro, em homenagem ao prefeito Pedro Ernesto, e a Mangueira alcançou o tricampeonato.
O interesse em fomentar a competição com atração turística começou em 1935, quando o certame foi apoiado pelo Conselho de Turismo da Prefeitura do então Distrito Federal, obtendo a Portela sua primeira vitória, ainda com o nome de Vai Como Pode. A partir daí, já estabelecido como promoção oficial do carnaval carioca, o desfile foi realizado sem interrupção, exceto nos anos de 1938 e 1952, quando as chuvas impediram a promoção.
O modelo se estendeu a todas as capitais brasileiras, excetuando-se duas: Salvador da Bahia e o conjunto Recife-Olinda, em Pernambuco.
Carnaval de Pernambuco e Bahia. O carnaval pernambucano, especialmente em Olinda e Recife, é um dos mais animados do país, e essa característica cresceu paralelamente à extinção do carnaval de rua na maior parte das cidades brasileiras, por causa do desfile das escolas de samba. As principais atrações do carnaval pernambucano — cujos bailes também são os mais animados — são, na rua, o frevo, o maracatu, as agremiações de caboclinhos, a imensa participação popular nos blocos (reminiscências modernizadas dos antigos "cordões") e os clubes de frevo. Em Recife e Olinda os foliões cantam e dançam, mesmo sem uniformes ou fantasias, ao som das orquestras e bandas que fazem a festa. Os conjuntos de frevo mais animados são os Vassourinhas, Toureiros, Lenhadores e outros.
Lembrando, pela cadência, os velhos ranchos, os maracatus estão ligados às tradições afro-brasileiras. Já os caboclinhos constituem outro tipo de agremiação folclórica, cujos desfiles são apenas vistos e aplaudidos.
A outra cidade em que a participação popular é costumeira, e onde todos cantam, dançam e brincam é Salvador. Uma invenção surgida na década de 1970 e que, à diferença do frevo, conseguiu contagiar outros estados e cidades, foi o trio elétrico — um caminhão monumental no qual se instalam aparelhos de som, equipados com poderosos alto-falantes que reproduzem continuamente as composições carnavalescas gravadas. Há ainda, como em Recife e Olinda, muitos populares que improvisam fantasias simples mas também adotam a postura galhofeira e vestem os disfarces de cinqüenta ou cem anos atrás. Tudo isto traduz bem o espírito momesco irreverente que impele a multidão à descontração total.
Músicas de carnaval. Durante o império, as músicas cantadas no período carnavalesco, no Brasil, eram árias de operetas, depois lundus, tanguinhos, polcas e até valsas. No início do século XX, predominaram, nas ruas, as cantigas de cordões e ranchos e, nos bailes, chorinhos lentos, polcas-chulas, marchas, fados, polcas-tangos, toadas e canções. Logo após a primeira guerra mundial, os palcos dos teatros-de-revista tornaram-se os lançadores das músicas de carnaval e iniciou-se, então, o domínio das marchinhas, maxixes, marchas-chulas, cateretês e batucadas. E também do samba, que, na era do rádio, entre 1930 e 1960, dividiu os louros com a marchinha, embora às vezes cedesse ao sucesso de um jongo, de uma valsa ou de uma batucada. O samba, nos salões e na rua, era absoluto. Mas desde fins do decênio de 1960, com a consolidação do desfile das escolas de samba, o samba e a marcha mergulharam no ostracismo, trocados pelo samba-enredo das escolas de samba.

TEXTO 2-
Samba-enredo - Mangueira Conheça a letra do samba-enredo da Mangueira Marcos Palhares
"A Mangueira traz Os Brasis do Brasil mostrando a formação do povo brasileiro"
Deus me fez assim filho desse chãoSou povo, Sou raça...miscigenaçãoMangueira viaja nos Brasil dessa naçãoO branco aqui chegouNo paraíso se encantouAo ver tanta beleza no lugarQuanta riqueza para explorarÍndio valente guerreiroNão se deixou escravizar...LutouE um laço de união surgiuO negro mesmo entregue à própria sorteTrabalho com braço forteNa construção do Brasil
É sangue, é suor e religiãoMistura de raças num só coraçãoUm elo de amor à minha bandeiraCanta a Estação Primeira
Cada lágrima que já rolouFertilizou a esperançaDa nossa gente, valeu a penaDe Norte a Sul desse paísTantos Brasil, sagrado celeiroCrioulo, caboclo, retrato mestiçoDe fato, sou brasileiro!Sertanejo, caipira, matuto...sonhadorAbraço o meu irmãoPra reviver a nossa históriaDeixar guardado na memória...o seu valor
Sou a cara do povo...MangueiraEterna paixãoA voz do samba é verde e rosaE "nem cabe explicação"

Letra do samba-enredo da Porto da PedraCarnaval 2009
“Não me proíbam criar, pois preciso curiar! Sou o país do futuro e tenho muito a inventar!”
A luz da imaginaçãoAcende o coração e o leva a curiarBuscar o novo é conceberO tempo do saber, desejo de criar…É sempre assim, o proibido traz seduçãoDo início ao fim, do paraíso a tentaçãoMeu Tigre mostra as garras nesse jogoE vê no fogo a chama da evoluçãoPandora a esperança e o amor ôôôôAlquimia do meu serNa imagem do meu criador
Um grande painel é arteEu traço a pincel meu estandarteE lá do céu vem o cinzel da perfeiçãoRenascimento da inspiração
Como será o amanhãQue Deus me permita ser só
alegriaAos cavalheiros da destruiçãoVenha a paz e a razãoRedenção na foliaO homem sonhou e um dia voouDo gênio indomável uma nova invençãoCriança um Brasil de esperançaO mundo precisa desta salvação
Sou Porto da Pedra e não vou me calarEu sou curioso e quero saberSe é bom para o mundo, se vai melhorarÉ proibido por quê

OBS . – Toda evolução é aceita, a partir do momento em que não há uma negação de Deus e da Alma, ou seja o materialismo.Precisamos evoluir, sem deixar de lado valores reais como Fé em Deus, Família, o Ser ao invés do Ter, o respeito pelo semelhante pelo que ele é e não pelo que ele pode nos oferecer.



ANEXOS

Cem anos de Carmen Miranda confirmam lenda da cantora que virou símbolo do Brasil

SÃO PAULO – Há exatos cem anos, nascia em Portugal Maria do Carmo Miranda da Cunha. Segunda filha de um barbeiro e de uma dona de casa, emigrou com os pais para o Brasil com pouco mais de um ano de idade. Aqui, ganhou o apelido de Carmen – seu pai era fã de ópera do mesmo nome, de Georges Bizet. E, mesmo nascida em Portugal, tornou-se um ícone brasileiro, com o nome de Carmen Miranda.
Entre 1930 e 1939, foi a maior cantora do Brasil e estabeleceu um recorde que nunca mais foi batido – gravou quase 300 músicas. Ao longo destes dez anos, lançou clássicos como “Pra Você Gostar de Mim” (seu primeiro sucesso), “Alô... Alô?”, “O Tique-Taque do Meu Coração”, “Na Batucada da Vida”, “No Tabuleiro da Baiana”, “Camisa Listrada”, “Eu Dei”, “E o Mundo Não se Acabou” e “O Que É Que a Baiana Tem”, para citar os principais. A marchinha de Carnaval, um dos gêneros mais importantes da música brasileira, praticamente surgiu em sua voz.
Seu sucesso foi tão grande que, em 1939, ela partiu para os Estados Unidos. Lá, protagonizou espetáculos nas maiores casas de Nova York e carimbou seu passaporte para participar de musicais de sucesso em Hollywood, como "Entre a Loura e a Morena", "Uma Noite no Rio" e "Serenata Tropical". O estrelato fez com que a imagem da mulher com um cacho de bananas na cabeça se tornasse sinônimo de Brasil em todo o planeta. E assim começou a relação de amor e ódio entre ela e o país que representou.
Bem ou mal, Carmen lançou no exterior a imagem do Brasil. De acordo com Marcos Horácio Gomes Dias, professor de história contemporânea da Unifai e Uni Sant’Anna, até então o País era para os estrangeiros uma nação produtora de café, mas distante do imaginário popular. “Carmen faz tudo isso ficar mais próximo, nas telas e em technicolor. Um lugar recheado de palmeiras, praias e mulheres bonitas”, afirma.
Mesmo assim, como se pode notar, o retrato passado pelas telas de cinema era estereotipado, criando uma representação de Brasil que até hoje é assimilada pelos estrangeiros e inclusive por uma pequena parcela da população brasileira. Isso porque os roteiros dos filmes eram escritos por norte-americanos, que naquela época não se preocupavam em produzir histórias fiéis à realidade, mas sim entretenimento. “Quando o cinema norte-americano se debruça sobre outras culturas, quer fazer isso de forma diferente, o que não raro desemboca na caricatura”, analisa Horácio Ícone da América Latina
Mais do que isso, a figura de Carmen foi incentivada pela Política da Boa Vizinhança praticada pelo governo do presidente Franklin D. Roosevelt. Em tempos de Segunda Guerra Mundial, o temor era de que as nações latino-americanas, muitas com inclinação totalitarista e ricas em colônias alemãs, se tornassem simpatizantes do Eixo. Como resultado, em um esforço para estreitar relações entre as Américas, Carmen foi uma espécie de símbolo dos latinos em Hollywood, tanto que apareceu em filmes situados na Argentina e Cuba, além de inpirar o célebre segmento da animação “Você Já Foi à Bahia?”, de Walt Disney (no qual foi interpretada pela irmã, Aurora).
Uma das mulheres mais bem-pagas nos Estados Unidos ao longo da década de 1940, a moda de Carmen estampava vitrines de Los Angeles a Paris. Manequins ostentavam sapatos plataforma (criadas pela própria artista, que tinha 1,54m de altura) e turbantes com bananas, muitas bananas. “O Brasil recebeu uma imagem de paraíso perdido. Em relatos do pós-guerra, o país é visto como um lugar mítico, um paraíso tropical onde o sol brilha o tempo todo”, conta o professor.
Se em um primeiro momento a celebridade que se tornou Carmen serviu aos interesses do governo Getúlio Vargas, mostrando aos brasileiros que o País estava “destinado a ser grande”, para muitos não demorou para o sentimento arrefecer e dar lugar ao desconforto de ser visto como morador da repúblicadas bananas e papagaios. Na primeira vez que voltou ao Brasil depois de uma temporada nos EUA, em 1940, Carmen chegou a ser vaiada durante um show que fez no cassino da Urca, no Rio de Janeiro. Na mesma época, gravou a música "Disseram que Voltei Americanizada", em que parodia a sua situação: "Mas pra cima de mim, pra que tanto veneno? / Eu posso lá ficar americanizada? / Eu que nasci com samba e vivo no sereno / Topando a noite inteira a velha batucada".
Apesar da resposta bem-humorada, a verdade é que Carmen passou quase quinze anos sem colocar os pés no Brasil. A explicação para esse afastamento, além da quantidade de compromissos por causa do sucesso na América do Norte, está nos problemas pessoais da artista. Ela era viciada em barbitúricos o que acabou provocando sua morte, em 1955. Porta-voz da cultura brasileira
Discussões à parte, Marcos Horácio defende que, intencionalmente ou não, Carmen foi a principal responsável por projetar a cultura e música brasileiras no exterior. “A casa de Carmen em Beverly Hills era uma embaixada informal do Brasil”, garante. Primeira intérprete de compositores como Assis Valente e Dorival Caymmi, a cantora mostrou para o mundo “Aquarela do Brasil”, transformando Ary Barroso em estrela e imortalizando a música com um standard. Tanto é verdade que, segundo o relato de muitos, “Aquarela” foi a trilha sonora de comemoração do fim da Segunda Guerra.
Carmen sofreu um ataque cardíaco em sua casa em Beverly Hills, horas depois de participar do programa de TV do comediante Jimmy Durante. Ela tinha apenas 46 anos. Seu corpo foi transportado para o Rio de Janeiro e enterrado no cemitério São João Batista. Estima-se que seu cortejo fúnebre foi acompanhado por aproximadamente 500 mil pessoas.
Cem anos depois de seu nascimento, Carmen Miranda ainda é um ícone. Seu aniversário, no entanto, não chega nem perto de provocar as mesmas festividades que, por exemplo, os 50 anos da Bossa Nova. O principal evento é a exposição "Carmen Miranda - Notável para Sempre", no Museu Carmen Miranda, no Rio de Janeiro. A mostra tem abertura oficial nesta segunda-feira, com a presença do governador do estado, Sérgio Cabral Filho.

Carmen Miranda, uma frágil mulher escondida sob um chapéu de frutas
LOS ANGELES – Por baixo do chapéu de frutas mais famoso da história do cinema se escondia uma pequena mulher muito mais frágil do que suas canções e apresentações refletiam: Carmen Miranda, a brasileira mais universal de todas, que nasceu em Portugal, há exatamente 100 anos.
Uma mulher que se casou com o único homem que lhe pediu em casamento, que lutou contra sua família para chegar a ser artista e que sofreu de uma terrível dependência de medicamentos, obscuras facetas da personalidade de quem, apesar de morrer com apenas 46 anos, chegou a ser a estrela mais bem paga de Hollywood.
Com apenas 1,52 metro de estatura e sobre um salto de 20 centímetros, Carmen Miranda conquistou Hollywood desde o momento em que atracou no porto de Nova York.
Com um punhado de palavras mal pronunciadas em inglês, ganhou a simpatia de maneira instantânea do público americano, como destaca um dos documentários mais importantes sobre sua vida: "Carmen Miranda: Bananas Is My Business", de 1995, dirigido por Helena Solberg.
As palavras mal pronunciadas de Maria do Carmo Miranda da Cunha ao chegar, aos 30 anos, em Nova York, marcaram seu destino nos Estados Unidos.
Os americanos gostaram tanto de seu jeito de falar que Carmen nunca pôde mostrar seus progressos no inglês e teve de manter em público um terrível e cômico acento que a marcou tanto como os saltos, os chapéus, as frutas e as roupas que deixavam sua barriga à mostra.
Sua personagem popularizou o samba, um ritmo novo que ela introduziu nos Estados Unidos apesar de seu gosto pelo tango, primeiro ritmo que interpretou no início de sua carreira no Brasil.
Desde muito jovem queria ser artista, apesar da oposição de sua família, e começou a cantar em festas enquanto trabalhava em uma chapelaria, quando começou a desenhar chapéus com uma enorme imaginação.
O início de seu sucesso como cantora chegou em 1930, depois que gravou a marcha "Pra Você Gostar de Mim". Menos de 10 anos depois, ela desembarcou nos Estados Unidos.
Carmen participou com enorme sucesso de vários musicais da Broadway - onde recebeu o apelido de "a bomba brasileira" - e depois se consagrou em Hollywood, onde participaria de 14 filmes entre 1940 e 1953.
A "Pequena Notável" se transformou em uma grande estrela internacional, e em 1945 tinha o melhor salário de Hollywood, acima de nomes como Cary Grant e Humphrey Bogart.
Como cantora, vendeu mais de 10 milhões de discos no mundo todo, e emplacou sucessos atemporais como "Mamãe Eu Quero" e "Tico-Tico No Fubá".
O sucesso a levou a um ritmo de trabalho infernal, com até três espetáculos diários, combinados com rodagens de filmes e reuniões, o que só conseguia suportar com grandes quantidades de anfetaminas, em uma época na qual seu consumo em Hollywood era bastante generalizado e muito pouco ou nada criticado.
E para congestionar ainda mais sua concorrida agenda, foi nomeada embaixadora da política de boa vizinhança em direção à América Latina impulsionada pelo presidente Franklin D. Roosevelt.
Uma ocupadíssima e bem-sucedida vida profissional muito distante do fracasso da pessoal. Carmen passou por várias relações, um aborto (acidental ou provocado, segundo as versões) e um matrimônio com o produtor David Sebastian pela simples razão de que foi o único homem que lhe pediU em casamento.
Carmen Miranda realizou sua última aparição pública no programa televisivo de Jimmy Durante, em 4 de agosto de 1955, no qual, muito deteriorada fisicamente, ainda foi capaz, embora a tropeções, de fazer uma de suas típicas apresentações.
Morreu poucas horas depois de infarto, em seu quarto, enquanto um grupo de amigos participava de uma festa no primeiro andar de sua mansão. Ela tinha apenas 46 anos.
(Reportagem de Alicia García de Francisco)


SUGESTÃO: Quem abraçar a idéia, fazer com a turma um mural sobre a cantora.


FRASES DE CARMEM MIRANDA

Um ateu para mim é pior do que um animal irracional. Acreditar é a coisa mais importante da vida. Acredito em Deus, em Jesus Cristo, em Santo Antônio, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, São Judas Tadeu e em Santa Teresinha do Menino Jesus. Já alcancei graças com todos.

A gratidão é uma das maiores qualidades do ser humano. Da minha parte, sempre soube agradecer os favores que me fizeram.
Fui eu que escolhi as alianças do meu casamento: bem grossas e pesadas para durarem eternamente. Mas, justamente por esse simbolismo, cada vez que brigo com o Dave, sinto-as como se fossem algemas e, na hora da raiva, jogo-as na privada e puxo a descarga. O coitado já precisou me comprar alianças novas três vezes!

Tenho pavor de armas, mesmo que sejam de brinquedo.
Nunca me esquecerei de uma criança desconhecida, que batizei por acaso um dia, na Igreja do Bom Pastor, onde me casei.*
(*Palavras do Padre Joseph na missa de corpo presente de Carmen Miranda, em agosto de 1955: "Foi numa tarde em 1942. A Igreja estava vazia, a não ser uma moça que rezava contritamente diante do altar de Nossa Senhora das Graças. Uma senhora havia me trazido uma criança para batizar, mas, por morar muito longe daqui, e não poder pagar as passagens para alguém vir, não trouxera madrinha para o filho. Aproximei-me, então, da moça que orava e perguntei-lhe se me faria aquele favor, de repetir, pela criança, as palavras do batismo. Ela concordou imediatamente, serviu como madrinha do bebê. Depois. mandou o seu carro branco buscar o resto da família da pobre senhora para uma festa de batizado na sua casa. Eu soube, então, que a moça era a estrela Carmen Miranda e sua simplicidade deixou-me uma profunda impressão, solidificada, depois, pelas suas constantes vindas à Igreja que se lhe tomou um segundo lar, dando-nos ela um altar novo para Nossa Senhora.")
Mesmo depois dos quarenta, ainda sou tão "square" (quadrada mesmo!) que acredito no casamento de Igreja, de noiva e tudo o mais. É uma cerimônia linda, inesquecível.

Que coisa maravilhosa para uma pessoa se sentir "gente"! Nossa consciência é a maior acusadora do mundo. Os que não a obedecem acabam sendo os maiores criminosos do mundo, os insensíveis, espíritos não iluminados por Deus porque, afinal, a consciência é nossa diretriz na vida.

DARWIN:Foi um idiota metido a cientista. Se, segundo sua teoria da evolução, descendemos de macacos, por que continua a espécie desses animais? Deveriam ter todos virado homens...

DEMOCRACIA:Seu símbolo, para mim, é o Presidente Roosevelt (Franklin Delano). Quando o conheci pessoalmente na White House, chorei de emoção. Ele parecia um monumento!

DEPRESSÃO:Uma palavra que diz tudo e que conheço tão bem!

DEUS:Há gente que diz que Ele não existe. Não posso admitir tal idéia. Se não, qual seria o motivo da nossa própria existência?

DROGAS:Embora adepta de remédios, nunca quis sequer experimentar o que chamam de drogas — tipo marijuana (maconha), cocaína e outras. Se me viciasse nisso, acabaria perdendo minha personalidade, a coisa mais importante da minha vida e da minha carreira. Só tomo Nembutal ou Seconal para poder dormir e Dexedrine quando preciso ficar acordada à noite para fazer shows nos cassinos de Las Vegas ou outros.

Quando eu morrer, quero ser enterrada no Brasil, embaixo daquela terra que tanto amo.

FÉ:É uma coisa inexplicável. Fé em Deus. Fé nos Santos. Fé nas pessoas que amo. Fé no meu trabalho. Sem a fé, a vida não teria sentido.


“TUDO VALE A PENA
SE A ALMA NÃOÉ PEQUENA”
(FERNANDO PESSOA)